Wednesday, 25 January 2012

A ilusão no século XXI que arrasta África para o subdesenvolvimento

  Hoje em dia, pelos problemas que vivemos em África e a questão da cidadania activa, coloca em evidência o problema filosófico que se apresenta quando queremos aceitar a ilusão em lugar da realidade. Trata-se de uma imagem sobre a predilecção dos africanos numa catarata colectiva que nos leva a preferir estar envolto numa névoa, preferência pelo caminho que evita as mudanças ao novo numa aversão ao risco a todo custo, e nos satisfazemos com a ilusão das zonas de conforto onde convivemos com o que já nos habituamos.

A falta de alternância política em muitos países em África, se justifica pelo facto de que a maioria das pessoas vive com um véu sobre os olhos, o que lhes dá apenas uma noção distorcida de si mesmas e do mundo em que vivem. A maioria dos africanos é desprovida de imaginação e uma aversão ao risco e ao desconhecido muito grande; outros ainda são indiferentes e simplesmente aceitam essa realidade em que vivem sem especulação, e são capazes de dizer que preferem este regime político actual, porque já roubou o suficiente e, se vier outro a primeira coisa que vai fazer será encher os seus bolsos primeiros, e como tal preferem manter o status quo. São poucas as mentes questionadoras que observam os padrões mais claros e tentam entender e procuram mudar o mundo africano em que vivem. A maioria esmagadora, esta encapuçada por uma catarata colectiva que sobrevive a custa do provérbio que diz: na terra dos cegos, quem tem um olho é REI. Todos aqueles que vivem numa ilusão que um dia chegara um messias para os salvar ou que o actual regime no poder vai mudar e passar a servir melhor o seu povo, vivem uma verdade de um sonho que os ilude: meras sombras.
 
Os poucos que conseguem fazer uma operação a esta catarata colectiva e conseguem se libertar desta cegueira colectiva que o continente vive, emigram e vivem no ocidente, ou se ficarem em África estão nas cadeias ou frustrados. Emergindo da catarata para ver a luz do dia, esses que conseguiram fazer essa operação da catarata são também cegados pela luz e pode ver somente uma representação imperfeita da realidade, e procuram a todo custo importar modelos ocidentais sem terem feito ou investido nas operações necessárias para remover esta catarata colectiva. Com o tempo, esse poucos iluminados que conseguiram fazer a operação e se livraram da catarata colectiva, acostumam os seus sentidos com um novo contexto e ambiente que não é deles e começam ver as coisas mais claramente: transparência, prestação de contas, checks and balances, alternância do poder, subordinação dos militares ao poder civil, estado de direito, etc. numa paisagem iluminada que não é deles. Mais que queriam que fosse.

Estes iluminados com a visão ocidental ou com operações a cataratas financiadas pelo ocidente, um dia voltam à terra mãe África e tentam espalhar a boa nova de que existe o novo mundo além dos confins do continente negro. Qual tem sido a nossa resposta como maioria de nós que não fez tal operação da catarata e habitamos neste continente cheio de escuridão? Será que temos a coragem de seguir ou acreditar esses iluminados e realizar a árdua, porém compensadora viagem para fazer também as operações as cataratas para que possamos ver à luz do sol? NÃO… estamos mais propensos a matar, politicamente claro, a estes poucos iluminados, porque eles cometeram o pecado de se permitirem ver a Luz, porque eles são uma ameaça ao estado das coisas já estabelecido. Trazem coisas desconhecidas e para quem já vive V séculos de escuridão, fazer essa operação é algo impensável. Assim vai a luta para mudar as coisas no continente negro. Isto vai mudar, mas precisamos acelerar as operações as cataratas para aumentar o numero de pessoas iluminadas.

Tuesday, 24 January 2012

cidadania activa e os desastres naturais


Queridos compatriotas,

Podemos imaginar a dor que cerca muitos moçambicanos após tantas mudaas drásticas trazidas por estas calamidades naturais, seca, chuvas, ciclones, cheias... As chuvas que ocorrem em todo nosso país, deixando inúmeros desabrigados nesse momento necessitando de tudo que é básico para sobreviver... Muitos de nós foram afectados directamente, outros sentem-se distantes do ocorrido e acompanham como quem olha mais uma notícia na TV e média Social do facebook e twiters... Desenganem-se os que assim pensam, estamos todos conectados, tudo afecta todos os moçambicanos e cada parte da teia... do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Indico… até aqueles que estão espalhados noutras partes desta aldeia global.

Aproveitemos hoje esta situação, para elevar nosso pensamento sobre a resposta e gestão de desastres, lembrando que os nossos esforços e energia está onde vai nosso pensamento, nossa intenção, para que possamos, de perto, ou de longe, dominarmos estas questões que são trazidas pelas mudanças climáticas, com conhecimento de causa para a transmutação pela qual todos estamos passando nas questões climáticas do planeta, transmutações internas, externas, e desse grande organismo vivo que é nossa Mãe Terra que nos permite viver sobre seu solo sagrado compartilhando com todos nossos queridos… as coisas ambientais ou mudanças climáticas se tornam cada vez mais serias que não podemos nos dar ao luxo de que outros vão geri-las em nosso nome… temos que activamente participar na sua gestão, porque amanha podemos acordar com nossa casa submersa, nossa viagem interrompida, perdermos emprego porque não nos apresentamos a tempo nas minas da África do Sul, nosso carro arrastado, etc. … Somente porque deixamos a nossa vida nas mãos do pessoal do INGC…·
Recolha-se por um momento, reflicta, emane o alento de que tudo e todos necessitam levantando essa egrégia
de que uma nova forma de viver é possível no nosso país tomando também uma posição de cidadania activa no que diz respeito a consciência ambiental relativa as mudanças climáticas… e não foi falta de aviso… que se as cheias eram há 20 anos atrás em cada 20 anos… hoje esta frequência é quase anual …. E não é só Moçambique … mas o planeta como um todo… para nós é chuva, ciclones e seca… para outros são terramotos e tsunamis… outros? Ou nós mesmos… porque mesmo o Tsunamis de Fukushima… também afectou-nos em Moçambique … uma vez que fez subir o preço dos carros de segunda mão… e até esta crise económica tem no Tsunami do Japão uma cota parte… assim sendo, mesmo acontecendo a mais de 10 mil quilómetros, será que não nos afectou?·

Soe seu tambor ambiental, sua voz de cidadão, seu conhecimento de escolaridade ou experiencia para dentro e para fora, para toda a nação, e deixe que o se saber sobre as mudanças climáticas brote, e seja semeado como uma pequena semente, como uma gota de água na vastidão do indico que banha Moçambique que se torna uma luz e energia nas respostas e gestão de desastres, e que essa maré torne-se energia envolvendo a todos os níveis, individual, familiar, comunidade, distrito, província e o país como um todo, abraçando a todos os moçambicanos independentemente da sua idade, raça, religião, partido… porque cada moçambicano competente na resposta e gestão de desastres naturais e aqueles criados pelos homens… termos cada vez mais um Moçambique livre ou mais capaz a prevenir e a responder a estes desastres... Que essa energia de se importar pela nossa vida e a dos outros possa tornar-se um grande vértice e abraçar a tudo e a todos, porque somos todos um Moçambique...

Thursday, 19 January 2012

Idosos e cidadania activa



A necessidade de discussão e implementação de políticas públicas destinadas às pessoas idosa se torna cada vez mais imperioso em Moçambique, na medida que a população aumenta (hoje somos 23 milhões) e o envelhecimento aumenta, que como país podemos dizer que temos uma deficiência grave no que diz respeito à efectivação dos direitos humanos deste segmento populacional.

Para os idosos garantirem seus direitos ainda será necessária muita luta para que eles sejam respeitados e assegurados pelo Estado esses direitos. O caminho a trilhar é longo, visto que nem todos os idosos são um grupo homogéneo e não se revêem numa única classe social. Porém, como protagonistas e de forma organizada em torno do Fórum da terceira idade, terão muito mais poder de conquista.

Para Moçambique, a questão da velhice não é apenas demográfica, trata-se também de uma questão social e política, vistos que todos os combatentes, libertadores da pátria, todos aqueles que em 1975 ano da independência, todos os que tinham 23 anos, entram oficialmente na terceira idade neste ano de 2012. Tanto é assim que se não dávamos importância o que organismos internacionais, como a Organização das Nações Unidas, vinham discutindo do tema envelhecimento, e não elaborávamos Planos, realizando eventos sobre a questão dos idosos porque a composição populacional dos idosos não era prioridade, hoje requer que mudemos essa visão e melhor será seguirmos as recomendações da ONU como país signatário dos seus instrumentos internacionais sobre a idade (mesmo que não sejam obrigatórios), que desenvolvamos políticas, planos e projectos com o objectivo de implementar essas acções que beneficiem este segmento populacional que hoje já não da para ignorar ou não priorizar.

Quando a ONU realizou a primeira Assembleia Mundial do Envelhecimento em Agosto de 1982, em Viena, Áustria, talvez os que estavam na posição de tomar decisões em Moçambique, pensaram que este problema não lhes dizia respeito, porque em media os nossos dirigentes na altura tinham 40 anos e sentiam-se mais jovens e imortais do que nunca, ou estava-se no auge da guerra de agressão e as prioridades eram outras. Mas, o propósito principal dessa Assembleia foi iniciar um fórum para traçar um Plano Internacional de Acção, sensibilizando os governos e a sociedade da necessidade de instituir um Sistema de Seguridade Económica Social para os idosos, assim como oportunidades de participação e contribuição ao desenvolvimento dos países membros. Eu mesmo, na altura pensava que idosos eram somente a minha bisavó e nem me passava a ideia de que iria envelhecer um dia.

Com o evoluir dos tempos, foram adoptados pelas Nações Unidas, em 1991 (Resolução ONU 46/91), os Princípios das Nações Unidas em favor dos idosos, sendo estes princípios relativos aos direitos humanos: independência, participação, cuidados, realização pessoal e dignidade. Já em 2002, foi realizada a segunda Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento em Madrid/Espanha, resultando no Plano de Acção Internacional para o Envelhecimento (MIPAA), no qual foram adoptadas medidas em âmbito nacional e internacional, em três direcções prioritárias: idosos e desenvolvimento, promoção da saúde e bem-estar na velhice e, ainda, criação de um ambiente propício e favorável ao envelhecimento. E se existem Objectivos para o Desenvolvimento do Milénio (ODMs) para serem cumpridos em 2015, o MIPAA é o equivalente no que diz respeito a idade e o envelhecimento populacional. Por outras palavras, não serão alcançados os ODM se não se resolver também as questões da pobreza que aflige cerca de ¾ da população idosa neste país. Mais a mais, porque estes idosos não ficaram pobres de repente quando atingiram os 60 anos, mas são o produto de falta de políticas de desenvolvimento coerentes, também a guerra de agressão, que originaram esta situação. Mas, urge desenhar politicas de protecção social que tirem da pobreza os 54% da população, estimada estatisticamente a viverem na pobreza. Hoje, um em cada dois moçambicanos é pobre e há que investir em politicas sociais mais robustas que trem as pessoas deste ciclo viciosos da pobreza incluindo os idosos.

É certo que Moçambique tem Estratégia de implementação do Plano de Acção Internacional de Madrid sobre Envelhecimento e, em 2011 criou-se o Conselho Nacional da Pessoa Idosa com objectivo de avançar as questões dos direitos da Idade e velar pela promoção dos direitos da pessoa idosa, mas o país terá que fazer mais sem ter que esperar que a ONU crie uma convenção da pessoa idosa como um documento juridicamente vinculatório e obrigatório, no âmbito internacional.

Os direitos humanos das pessoas idosas estão evidentes e emanam da tradição moçambicana e não precisaríamos de ter um documento internacional para nos dizer que devemos amar os nossos avos. Por isso, convido a todos os idosos e a sociedade para unirmos esforços na busca da efectivação dos direitos das pessoas idosas que como Samora Machel dizia “embondeiros” e, como grande desafio, pressionarmos o nosso governo e parlamento para que levem a cabo a aprovação da Lei da Pessoa idosa que traga de volta todos os valores tradicionais de respeito e acarinhamento aos idosos. Que antes do 1° de Outubro de 2012, Dia Internacional do Idoso, esta lei seja aprovada. A actuação dos idosos como sujeitos activos e protagonistas, lutando por seus direitos e exercendo sua cidadania é peça fundamental para que conquistem e sejam garantidos os seus direitos legalmente.