O cartoon mostra o debate da
pandemia COVID19 lá na Banda...
Mas, apesar de Angola não ser um dos países
mais afectados pela pandemia de HIV/SIDA, o que retrata o cartoon é a realidade em muitos países...
Tratamento desigual das pandemias |
No Caso de
Moçambique, temos 2.2 milhões de pessoas infectadas pelo HIV/SIDA e que
necessitam de anti-retrovirais toda a vida, e quase cerca de metade destes pacientes que deviam estar no TARV, não estão, e contribuem para as mais de 130 Mil novas
infecções de HIV que o país regista por ano... e uma vez que a Pesquisa realizada na África do Sul, que é uma realidade bem próxima a nossa, mostra que Pessoas Vivendo com HIV são quase três vezes mais propensas a morrer do Novo Coronavírus se contraírem a COVD19 do que aquelas sem essas co-morbidades, independentemente de estarem tomando medicamentos anti-retrovirais...Estudo Sul Africano.
Até agora (12 de Junho) Moçambique tem 509 casos de infecção da COVI19 confirmados dos quais 145 curados e 2 óbitos... Não falo da
malária, que é endémica e mata mais em Moçambique que todas doenças juntas...
Não nego a
urgência, pertinência e prioridade que se dá ao SARS-CoV-2, mas há que ver onde e como alocamos
os parcos recursos que temos de forma equitativa/equilibrada de modo a não
acordarmos amanhã com um dos problemas das antigas pandemias que grassam o país com níveis ainda maiores...
As vezes
penso que a linguajar da COVID19 de Cancelado, Fechado, Adiado, Quarentena, Lockdown, Fica Em Casa, Lavar
As Mãos, desinfectante, Máscaras Cirúrgicas, Distanciamento Social, isolamento domiciliario, Confinamento, Nível 3 e Nível 4, vem
reforçar estereótipos fazer com que nos assustemos a toa...
Neste
momento em África importa perceber que a propagação da pandemia não tomará os mesmo modelos dos países Ocidentais, não sabendo as razões, importa seguir os casos de alguns países:
Tanzânia tem
509 casos de COVID19 com 21 óbitos e 183 curados e decretou o fim da pandemia
Guiné Bissau
tem 1.460 casos de COVID19 , dos quais 71 novos casos de sexta-feira dia 12 de Junho, com 15 óbitos e 200 curados, o que representa uma
taxa de 10.48% (1 em cada 10 infectados é curado) e com os seus 15 óbitos, o país tem uma taxa de mortalidade de 1.03%.
Madagáscar,
mesmo com o chá da calcinha, aka da COVID19, tem 1203 casos de COVID19 com 10
óbitos e 312 curados, o que representa uma taxa de 25.94% (2 em cada 10
infectados é curado), o que é paradoxal para quem fala de ter um medicamento de
cura (atenção que não estou a falar mal da Artemísia: A alegada cura milagrosa
para a Covid-19 através do chá "O COVID Organics"
luta de titãs africanos: Tedros Adhanom vis-avis Andry Rajoelina |
África do
Sul, mesmo com os $26 biliões que Cyril Ramaphosa injectou na economia para
pagar salários e ajudar nas cestas básicas dos pobres e desempregados temos,
61.927 casos de COVID19 (dos 3.350 são novos casos do dia 12 de Junho), dos quais com 1.354 óbitos (70 dos quais ontem) e 35.006 curados, o que representa uma
taxa de 56.53% (5 em cada 10 infectados é curado) e uma taxa de mortalidade de 2.19%. Daí que a alta prevalência de HIV e TB na África do Sul seja vista como uma das principais vulnerabilidades potencialmente para o país neste ataque da pandemia do Novo Coronavírus, com preocupação de que a pandemia esta a ser exacerbada na sas taxas de mortalidade pela pandemia do HIV e TB que grassam a África do Sul. De lembrar que a África do Sul tem cerca de 7,8 milhões de pessoas infectadas pelo HIV, o que causa o SIDA, e cerca de 300.000 pessoas têm TB.
Angola tem
130 casos de COVID19 com 5 óbitos e 42 curados, o que representa uma
taxa de 32.31% (igual a Moçambique, 3 em cada 10 infectados é curado), mas com uma taxa de motalidade maior de 3.85% se comparado com 0.41% de fatalidades de Moçambique. Se quise-se ser sensacionalista, poderia dizer que se morre mais de COVID19 lá na Banda do Atlantico do que na Pérola do Índico, mas são só 5 óbitos contra 2 e taxas de infecção estão a subir com os surtos locais da pandemia a chegarem nos mukifus do kimbos ou sanzalas do sítio...
Guiné Bissau
tem 1.389 casos de COVID19 com 12 óbitos e 200 curados, o que representa uma
taxa de 11.02% (1 em cada 10 infectados é curado)
E, quanto a
mim, o melhor de todos Zâmbia, tem 1.200 casos de COVID19 com 10 óbitos e 912
curados, oque representa uma taxa de 76% (7 em cada 10 infectados é curado)
No caso de
Moçambique, num contexto em que não existe vacina e a prevenção é feita através
das mascaras cirúrgicas e higienização das mãos, tenho de admitir que com 509
infectados e 144 curados, temos uma taxa de recuperação/cura de 29.45%, ou seja
3 em cada 10 infectados são curados. Apesar de ser uma cura lenta, o país tem
uma taxa de mortalidade muito baixa (0.41%), se tomarmos em conta que têm 2
óbitos dos 509 casos confirmados, num contexto de extrema vulnerabilidade das infra-estruturas
de saúde. Todavia, similarmente com a África do Sul, Moçambique tem uma população de 2.2 milhões de pessoas HIV positivas, o que é imperioso de que o acesso aos serviços de saúde para estas pessoas seja assegurado como prioritário nos tempos da COVID19. Isto é muito importante, uma vez que que alguém que seja HIV positivotem 3 vezes mais propenso de morrer quando infectada pelo Novo Coronavírus do que alguém sem comorbidades, de acordo com o estudo que citamos acima.
A questão
mesmo é como um país consegue gerir a pandemia da COVID19 sem se assustar a toa...